“QUEM DANÇA SEUS MALES ...”
Dança e Expressão Corporal
É possível “ler” os gestos? E o que podemos “ler” neles? Quando você observa gestos expressados pelo corpo dançando, estes se revelam rapidamente. Se observarmos atentamente esses gestos, veremos que eles estão repletos de sentidos, emoções e técnicas que se apresentam harmoniosamente. Os gestos, assim como o texto, a fotografia, a gravura, também apresentam significados. Por isso é possível ler os gestos. Portanto, a letra de uma música ou os gestos expressados pelo corpo que dança também apresentam intenções que podem ser decifradas.
Partindo dessa idéia, aí vai um convite para tentarmos decifrar alguns dos códigos que poderão ser revelados neste universo impregnado de gestos, sons e ritmos - dança. Então vamos começar a nossa empreitada!
Falaremos um pouco sobre o ritmo. Algumas vezes em nosso cotidiano, ao ouvirmos uma música, ela pode soar de forma prazerosa ou não, dependendo do momento que estamos vivendo, fazendo-nos relembrar situações. Caso essa música nos remeta a uma boa recordação ou nos cause prazer, podemos sentir o nosso próprio corpo movimentando-se, e talvez até mesmo dançando ao ritmo da melodia.
Todo o gesto expressado por meio da dança é carregado de significados, intenções, emoções, técnica e espontaneidade, por vezes acontecendo de maneira isolada, outras vezes em harmonia. É importante compreender as possibilidades desses significados sendo necessário refletir sobre eles.
Assim, alguns sons, ou mais especificamente alguns ritmos musicais, acabam nos envolvendo e por vezes reagimos a eles nos movimentando. Ou será que ao ouvir um samba ou um ritmo envolvente você nunca se pegou batucando? Ou pelo menos com vontade de fazer isso?
É claro que não devemos entender este gesto de maneira determinista, ou seja, atribuir-lhe um poder autônomo como se a música fosse capaz de nos envolver quase que de maneira “divina”, “apoderando-se” de nós, de tal forma que nos impeça de agir de acordo com a nossa própria vontade.
A música nos influencia na medida em que nos “transporta” para outras dimensões da imaginação e da memória, mas isso depende da história de vida de cada um e do contexto social e cultural em que nós estamos inseridos, que nos faz sermos como somos e pensar como pensamos. É importante compreender as possibilidades que estão implícitas nas músicas e nas danças, sendo necessário também refletir sobre as intenções que elas trazem para buscar novos significados para elas, pois somos nós que comandamos e nos deixamos “transportar” pelos sentidos.
A dança como reprodutora de modelos...
Imagine a seguinte situação: o rádio está ligado e toca uma música que gostamos, começamos nos envolver com o ritmo desta música e, dependendo da situação, começamos a acompanhar seu ritmo batendo com a mão em algum objeto, nosso pé começa a chacoalhar ou bater no chão e outros movimentos corporais podem estar acontecendo quando estamos envolvidos pelo ritmo da música, e isso nos causa prazer.
Observe os gestos que você está realizando: Será que eles são espontâneos ou representam movimentos vinculados pela mídia ou aprendidos por meio do convívio com outras pessoas?
Na perspectiva da “dança como movimento”, essa prática é entendida apenas como uma seqüência de movimentos embalados por um ritmo, que envolve extensões-flexões e uma série de outros movimentos corporais possíveis de serem analisados e mensurados pelas mais diversas razões. Além de todas essas questões, a dança trabalhada nesta perspectiva desconsidera que temos interesses e motivações diferentes e faz com que lhe seja atribuído um sentido muito pessoal, expressando sentimentos e emoções.
Já na perspectiva da “dança como arte”, além desses elementos citados anteriormente, a dança pode ser entendida como uma forma de expressão e apropriação do mundo. Neste caso, não haveria somente uma preocupação com a perfeição do gesto, mas principalmente com o seu significado e este entendido como uma construção que se efetiva nas relações sociais, históricas e culturais que as pessoas mantêm umas com as outras.
0 comentários:
Postar um comentário